quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Neoconcretismo

Neoconcretismo
Após as leituras sugeridas e refletindo sobre as postagens e considerações de colegas, chego a conclusão que:
O movimento neoconcreto ficou restrito ao Rio de Janeiro e foi criticado pelos concretistas ortodoxos paulistas que eram donos da autonomia da forma em detrimento da expressão e implicações simbólicas ou sentimentais.
O grupo que defendia o movimento procurava novas formas de mostrar que a arte não é um mero objeto, ela tem sensibilidade, expressividade, subjetividade e que está além de uma geometria pura. Os manifestantes eram contra as atitudes cientificistas e positivistas na arte. Isso recuperou as possibilidades criadoras do artista, o qual deixa de ser um mero inventor de protótipos industriais e passa a manipular e tocar as obras; tornando parte delas; isso faz com que as tendências técnica científica presentes no concretismo.

Roteiro para estudo e visita à exposição.
Numa bela manhã de domingo, abro minha janela e vejo as folhas secas contrastarem com o verde do jardim. Essa bela manhã de outono me deixa sensível, e meu pensamento fica vagando... Desço para meu desjejum e longe o som já conhecido do menino que trás o jornal todas as manhãs.
- Oia o jornal, atenção... Hoje tem notícias quentinhas de nossa cidade!
Na ansiedade e curiosidade corro para pegar o jornal e o menino já com a intimidade me diz:
_ Moça você vai gostar, pois o jornal trás o suplemento todinho de arte! Você não pode perder!
Movida pelo impulso de descobrir sobre o que o menino estava falando, nem olho as outras páginas e ou direto ao suplemento dominical.
A manchete já me deixa motivada para ler toda a matéria:
Manifesto Neoconcreto (publicado em 1959 no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, serve como abertura da 1ª Exposição de Arte Neoconcreta, no MAM/RJ, na qual fica clara a distância entre o grupo de Gullar e os concretistas de São Paulo).
A expressão neoconcreto é uma tomada de posição em face da arte não figurativa “geométrica” (neoplasticismo, construtivismo, suprematismo, Escola de Ulm) e particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista. Trabalhando no campo da pintura, escultura, gravura e literatura, os artistas que participam desta I Exposição Neoconcreta encontraram-se, por força de suas experiências, na contingência de rever as posições teóricas adotadas até aqui em face da arte concreta, uma vez que nenhuma delas “compreende” satisfatoriamente as possibilidades expressivas abertas por estas experiências...
Como professora de Educação Artística de uma escola do centro do Rio de Janeiro, procuro estar sempre muito bem informada, pois tenho consciência do papel que nós professores temos na sociedade. Após ter lido todo o suplemento dominical do Jornal do Brasil, programo meu domingo, para ir ao Museu Man visitar e conhecer de perto a exposição.
Durante o trajeto que percorro até chegar ao museu meu pensamento vai divagando e planejando a semana na escola.
Ao visitar a exposição fico surpresa com as obras e as informações que a exposição me oferece:
· A arte como informação social.
· A arte como produção.
· Princípios geométricos e a teoria da forma, a priori.
· A arte materialista e tecnicista, onde a obra se mostra construção, máquina ou objeto.
· A subjetividade e arte experimental
· A arte como criação.
· A sensibilidade da geometria como forma de expressão.
· Existencialista, o sujeito participa da obra.
Diante de todas essas colocações fica cada vez mais ciente de que:
Se a arte é fundamentalmente meio de expressão, e não produção de feitio industrial é porque o fazer artístico ancora-se na experiência definida no tempo e no espaço.
Contemplo sensibilizada as obras de: Amílcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim, Theon Spanúdis, e percebo que através da pintura, da escultura, da gravura, da poesia e da prosa a arte Neoconcreta reafirma sua independência da criação artística.
Neste variado universo artístico volto para casa cheia de inspirada e preparo um roteiro para visitação com meus alunos do Ensino Técnico com o objetivo de mostrar o outro lado da arte, não somente a arte de criar peças para a produção industrial proposta pelo curso que frequentam.
Exponho o roteiro planejado, pois acredito que isso possibilita um melhor aproveitamento por parte da turma.
(1º) Organizo a turma em grupo e distribuo exemplares do Jornal do Brasil conseguido com colegas da escola.
(2º) Após este momento de informação, dialogo com os alunos sobre o manifesto, ouvindo a opinião dos mesmos.
(3º) Levo- os à biblioteca da escola e proponho uma pesquisa sobre os movimentos artísticos da época.
(4º) Concluída a pesquisa cada grupo terá oportunidade de expor suas descobertas.
5) Nesta pesquisa os alunos seguiram um roteiro pré- elaborado com perguntas como:
O que linguagem geométrica?
- O que é concretismo ortodoxo?
- O que é neoplasticismo?
- O que é arte não figurativa?
- O que é arte moderna brasileira?
- O que é arte construtiva brasileira?
- Sobre o que se trata o Manifesto Neoconcreto?
6) Juntamente coma turma traçamos um roteiro de visitação ao MAN com objetivo de proporcionar um contato direto com as obras de arte da 1ª Exposição Neoconcreta.
7) Com a minha máquina Kodak fotografarei as diferentes obras expostas para um trabalho posterior na escola.
8) Como a exposição não possui mediadores para explicarem, marcarei um horário acessível que muitos artistas farão essa explicação.
9) Após a visitação, na seguinte aula levarei algumas considerações citadas no manifesto para refletirmos em sala:

”Propomos uma reinterpretação do neoplasticismo, do construtivismo e dos demais movimentos afins, na base de suas conquistas de expressão e dando prevalência à obra sobre a teoria.”
”Não importam que equações matemáticas estão na raiz de urna escultura ou de um quadro de Vantongerloo, desde que só à experiência direta da percepção a obra entrega a “significação” de seus ritmos e de suas cores.”
”Mas, do ponto de vista estético, a obra começa a interessar precisamente pelo que nela há que transcende essas aproximações exteriores: pelo universo de significações existenciais que ela a um tempo funda e revela.”
“O neoconcreto, nascido de uma necessidade de exprimir à complexa realidade do homem moderno dentro da linguagem estrutural da nova plástica, nega a validez das atitudes cientificistas e positivistas em arte e repõe o problema da expressão, incorporando as novas dimensões “verbais” criadas pela arte não figurativa construtiva.”.
”Acreditamos que a obra de arte supera o mecanismo material sobre o qual repousa, não por alguma virtude extraterrena: supera-o por transcender essas relações mecânicas (que a Gestalt objetiva) e por criar para si uma significação tácita (M. Pority) que emerge nela pela primeira vez.”

”É porque a obra de arte não se limita a ocupar um lugar no espaço objetivo – mas o transcende ao fundar nele uma significação nova - que as noções objetivas de tempo, espaço, forma, estrutura, cor etc não são suficientes para compreender a obra de arte, para dar conta de sua “realidade”.
10) Após discutirmos sobre estas colocações, faremos um relatório da visitação.
11) Para encerrar nosso trabalho elaboremos uma exposição, com obras produzidas pelos alunos usando materiais recicláveis destacando as obras de Lygia Clark; e elaboração de poemas de Ferreira Gullar.

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