quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cinema, Vídeo, Godard (Apresentação e Introdução)

Análise crítica da apresentação e introdução do livro Cinema, vídeo, Godard de Philippe Dubois.
Arlindo Machado através de sua apresentação trás citações importantes sobre o livro de Dubois, que é considerado um dos poucos pensadores que apresenta reflexões sobre as mutações do cinema, a perda de sua hegemonia, sobre a criação de audiovisuais, sobre o vídeo e o desafio da televisão; projetando um futuro imprevisto que estas tecnologias podem gerar num futuro próximo.
Através de seu livro Dubois faz afirmações sobre o cinema como espécie de referência fundamental para todo o audiovisual, considerando que o percurso sobre as imagens e os sons contemporâneos, afrouxa e perde a densidade que se levou tanto tempo para conseguir. Dubois também reflete sobre a experiência d do vídeo, considerando um momento intermediário entre o cinema e o computador, colocando-o numa posição de destaque, em relação ao atual papel do cinema, como também na projeção do futuro (digital) do audiovisual.
A obra videográfica que primeiramente era como um trabalho singular que se via na tela de um monitor, seja em um ambiente doméstico ou em sala pública, passa a assumir o papel de forma múltipla, variável, instável, complexa, possibilitando inúmeras formas de manifestações. Hoje temos o vídeo apresentado em esculturas, instalações, multimídias, ambientes diversos, intervenções urbanas, em peças de teatro e em shows.
Podem-se associar as obras eletrônicas e outras modalidades artísticas, a outros meios e materiais e outras manifestações culturais. Muitas experiências videográficas são fundamentalmente efêmeras, no sentido que acontecem ao mesmo tempo reais, não podendo ser resgatadas a não ser sob a forma de documentação. Segundo Dubois o vídeo nasce e se desenvolve numa direção dupla; de um lado consideramos vídeo um conjunto de obras semelhantes as do cinema e da televisão, com roteiro próprio e gravadas com câmeras editadas, em que são apresentadas ao espectador, numa tela de tamanho variável. Podendo ser o vídeo um dispositivo, uma instalação ou uma complexa cenografia de abrangentes telas, nos dando imagem bem mais abrangente e complexa; fazendo-nos pensar no vídeo como um estado e não como um produto, não desvinculando a imagem do dispositivo original.
André Bazin cita considerações sobre a imagem-cinema e o papel desempenhado por ela, em relação à profundidade de campo, sendo que a escala de planos que vai de frente ao fundo permite compor diferentes graus de densidade dramática. Já o vídeo não apresenta essa profundidade, pois sua baixa resolução e os detalhes de imagem se dissolvem quando se deslocam em direção ao fundo. Diferenciando do cinema, por apresenta fragmentação, descentramento e desequilíbrio.
Dubois propõe opor à noção cinematográfica de profundidade de campo a noção mais videográfica de espessura da imagem. Outra característica da imagem-vídeo é a assimilação da montagem à própria imagem. O vídeo prefere multiplicar uma grande quantidade de fragmentos fechados e curtos. Porém em lugar de seguir uma sequência linear de planos, as imagens são apresentadas uma sobre as outras, ou lado a lado ou uma dentro da outra.
Atualmente o vídeo nos fornece novas modalidades de funcionamento em relação ao sistema de imagens, no coloca uma nova linguagem e possibilita uma estética renovada, usando para isso as tecnologias modernas e atuais.
Através de nove ensaios o livro trás a questão do vídeo, sua natureza de imagem e seu lugar no mundo das produções visuais em especial ao cinema. Em Vídeo e teoria das imagens; trás reflexões sobre estética e linguagem, aprofundando questões em relação ao cinema e ao imaginário cinematográfico como marco inicial das experiências em vídeo. Já em Vídeo e cinema são aprofundadas as questões do imaginário cinematográfico como ponto de partida para as experiências com vídeos. Na parte intitulada “ Jean-Luc Godard”, as discussões centram-se na problematização sobre as imagens.
O livro destaca-se pelas contribuições ao debate tais como: a tematização original, com simpatia e pleno conhecimento de causa, do vídeo como fenômeno estético historicamente situado; a consideração do cinema contemporâneo tal como interpelado pelo vídeo; e a atenção especial à articulação entre cinema e vídeo no trabalho de Godard, em discussões que nos ajudam a repensar o conjunto da sua obra, no momento mesmo em que as Histórias do cinema começam a encontrar sua contextualização dentro desse vasto universo artístico.

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